Noite, lua, árvores, carro.
Sapato lustrado, terno caro, cabelo arrumado.
Roupa colante, andar vacilante,
Lágrima persistente, sorriso forçado.
Tapas seguidos de mordidas, lambidas, gritos,
Cabelos puxados, vestido rasgado.
A dor penetra-me até dentes e ossos,
O membro parte-me o corpo ao meio.
Minh’alma enlouquece de remorso,
Um cigarro é apagado em meu seio.
Mãos cruéis agarram meu pescoço, cortando a respiração,
Enquanto seu prazer é satisfeito.
Quase sinto alívio, pensando que a tortura está acabando mas acabará do seu jeito. Arrancas com o carro, eu não tenho forças para levantar,
Avisto uma estrada de terra, erma.
Penso em mamãe e como ela ficara só e sei que mais ninguém chorará sua perda.
Me arrastas o corpo para fora, eu avisto as estrelas
E peço misericórdia a Deus, pois sei que tu não terás,
Ele me ouve, pois agora estou vendo de longe,
Uma jovem ensanguentada, maquiagem borrada.
O sádico ri enquanto a faca transpassa trinta vezes o corpo que era meu,
E atravessa meu pescoço.
Ele esvazia a garrafa de vodka e risca um fósforo que joga sobre o cadáver, corre um cachorro.
Agora o assassino dá lugar ao respeitável executivo, com medo de ser pego, adentra o carro e vai.
Voltará ao seu chique edifício, se limpará com esmero enquanto eu já não existo mais.
Autora: Luna Seaworth
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